terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Da campanha eleitoral

Podia vir para o meu blog fazer campanha eleitoral, mas não é o objectivo deste post. Podia vir apontar as diferenças de tratamento por parte da comunicação social ou das falácias utilizadas pelos candidatos, mas também não é isso que me faz escrever hoje.

Há muito tempo que já vemos nas televisão candidatos à Presidência da República (muitos que antes de ser já o eram), e agora, que entrámos oficialmente em período de campanha eleitoral, as candidaturas ocupam vários espaços nas grelhas de programação de televisões e rádios, e várias páginas de jornais. A mim, parece-me natural. Se temos que escolher a pessoa que vai ser o chefe de estado português para os próximos 5 anos, convém estarmos informados sobre as intenções de cada candidato, sobre o que se propõe fazer, para, de forma consciente, podermos escolher.

Parece básico, não é?

Parece que em Portugal não é assim tanto.

Raimundo Rucke Santos Souza

A mim, o que me tem assustado ultimamente, é a quantidade de vezes que ouço e leio (o facebook e o twitter permitem-nos ter acesso a desabafos de gente dos mais variados quadrantes) pessoas a queixarem-se, por exemplo, do início dos tempos de antena, quer na rádio quer na televisão. Jovens, que se quer que sejam o futuro do nosso país, que não fazem ideia quais são ou o que são os nossos partidos políticos. Mais relacionado com as actuais eleições, que não sabem (nem querem saber) quem são os candidatos a PR, o que representam e o que defendem (ou não defendem). Jovens que acham que a política é uma coisa chata, sem qualquer interesse.

Não temos todos de ser políticos, mas uma coisa é certa: não dar qualquer atenção aos nossos governantes é dar-lhes carta branca para fazerem o que querem. A política não tem interesse? É a política "chata" que define os valores dos nossos impostos, se pagamos ou não pagamos a escola, a saúde, as portagens, se entramos ou não numa guerra, se temos ou não temos empregos e produção nacional.

Assusta-me perceber que podemos vir a viver num país de cordeiros, de seguidores sem opinião. Assusta-me pensar que hoje possa ser cool não querer saber.

Quanto a mim, vou fazendo o possível para quebrar esta corrente. Fazendo o possível para não nos transformarmos num país de iliterados, de espectadores da Casa dos Segredos e abstencionistas nas eleições. Fazendo o possível para não transformar Portugal no país de labregos que muitos já pensam que somos.

Onde está o espírito aventureiro e empreendedor que nos levou a descobrir o mundo e a estabelecer negócios nos quatro cantos do globo? Onde está o espírito crítico que fez o 25 de Abril?

Ainda há esperança.

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