segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Nine

Acabei de ver o filme Nine, de Rob Marshall, o realizador de Chicago. É um filme de 2009 (obrigada ao Márcio por me ter emprestado o DVD), um musical sobre a vida dum realizador italiano às voltas com o guião que (supostamente) está a escrever. A inspiração que não chega, as musas que a deviam trazer, o drama de não conseguir chegar à página um...

Não entrou para a categoria de filme favorito, mas é inegável que tem um elenco de estrelas, mulheres bonitas e cheias de talento, tudo embrulhado no tom musical de ora agora é verdade, ora agora estás dentro da minha cabeça, que sabe sempre bem. Mas, sem conseguir dizer o quê, faltou-lhe... qualquer coisa.

Para meu grande infortúnio, não conseguirei hoje dormir sem ter esta música a ressoar na cabeça (culpa, diga-se, das milhares de vezes seguidas que a ouvi em publicidade no Youtube, e eventualmente por ser das primeiras e últimas do filme).

Não é um filme novo, por isso em vez do trailer fica a música do dia:


Ah, está com 5,8/10 no IMDb.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

7 días en La Habana

- 7 dias em Havana para dois, por favor.
- São 9 euros.

Bem que queria que este diálogo tivesse acontecido numa agência de viagens, mas infelizmente foi apenas na bilheteira de cinema.


Nem sei bem o que escrever sobre este filme. Tem imagens bonitas, música cubana com fartura, mas também um non sense que às vezes roça o avassalador. Mas comecemos pelo conceito.

O filme é composto por 7 episódios, cada um deles acontece num dia da semana, e cada um segue a vida de uma personagem diferente: o americano que vai para Cuba estudar teatro, o Emir Kusturika que vai a Cuba receber um prémio, a cantora de bar que recebe uma proposta para ir para Espanha, o palestiniano que espera ser recebido, a menina que se envolve com outra menina, a médica que faz doces para fora, a devota a quem a santa pediu uma festa. Sete histórias, sete realizadores (Benicio del Toro, Pablo Trapero, Julio Medem, Elia Suleiman, Gaspar Noé, Juan Carlos Tabio e Laurent Catet), que se ligam de forma subtil, personagens ou lugares partilhados, com o objetivo de mostrar a Havana longe do habitual turístico.

Ainda assim, e não conhecendo Havana, achei que eventualmente foi retratada uma Havana menos atual, um pouco cliché, com costumes e crenças que talvez já não estejam tão presentes no quotidiano dos seus habitantes. Saí da sala com a sensação de que tinha gostado, mas nem sei bem dizer porquê. A verdade é que às vezes é tão estranho que apetece dizer que não se gosta. Mas depois, seja porque a história do palestiniano nos faz rir do início ao fim, a maluqueira dos vizinhos a construir a festa para a santa também, ou porque a história da suposta homossexualidade da menina que é curada com rezas e rituais ancestrais nos arrepia, a verdade é que no final tudo parece ser muito harmónico. Amizade, amor, sonhos, família, devoção, ou apenas uma bolha enorme, há de tudo neste filme.

Não digo para o considerarem prioritário na vossa lista de filmes a ver, mas se tiverem oportunidade deem-lhe uma oportunidade.
Tem uma nota de 5,5/10 no IMDb, e como sempre, fica o trailer:

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Hoje é para pensar

Tanto que nos queixamos dos nossos problemas, do que nos preocupa, que às vezes é preciso parar para pensar, respirar fundo, e olhar com alguma distância para essas coisas.

A reportagem abaixo (sim, é longa, mas vale a pena) ajuda a isso mesmo. Duas irmãs de 16 anos, que desde sempre partilham pernas, braços e tronco. Parece uma pessoa com duas cabeças, mas depressa vão perceber que se tratam de duas pessoas com apenas um corpo. As imagens seguintes são uma impressionante prova de resistência, de luta e de dedicação à vida.

Apresento-vos Abigail e Britanny Hensel.


E já agora fica aqui uma notícia mais recente. Há vídeos no Youtube delas já com 22 anos.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Mosteiro de São Vicente de Fora



Quatro euros é o que nos separa de conhecer mais esta relíquia do coração de Lisboa. Muitos nunca terão ouvido falar, outros tantos não fazem ideia de onde é. Mas o certo é que passeando por Lisboa, se encontram muitos tesouros escondidos. E foi assim que, começando com a barriga (demasiado) cheia na rua da Madalena, passando pela Fundação Saramago que está fechada ao domingo, subindo por ruelas e escadinhas de Alfama, tudo se resumiu a “vamos descobrir aquela igreja que se vê ali ao fundo”.


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Ainda após uma passagem pelo Largo da Graça (ótimo para descansar as pernas e os olhos, já que a vista sobre Lisboa é linda), descendo a rua Voz do Operário lá demos com a dita igreja, que descobrimos ser a Igreja de São Vicente de Fora (embora hoje ache que o que andávamos à procura era da Igreja de Santa Engrácia). A igreja estava também fechada (senhores, Lisboa está cheia de turistas, não tenham os monumentos fechados ao fim-de-semana!), mas por uma porta lateral lá se vê a entrada do Mosteiro, um pequeno pátio que convida a uma pausa para leitura (afortunados os que por ali vivem). A entrada é paga, como disse, mas a verdade é que 4€ é um preço bastante acessível (ainda com os descontos normais, que não incluem estudantes de 27 anos, ainda que se pensarmos bem, eu cá pago as mesma propinas que os mais novos).

A visita ao interior não podia ser uma surpresa maior: para além do interior cheio de pormenores – azulejos, paredes com desenhos em mármore, tetos decorados, quadros – existem ainda uma série de exposições que compõem o ramalhete.

Uma exposição que traça a linha histórica dos sucessivos cardeais patriarcas de Lisboa, em paralelo com diversos factos históricos, com os reis, depois com os presidentes da república eleitos e com os papas. A acompanhar a exposição uma série de artefactos relacionados com os cardeais patriarcas, desde roupas a pratas, pinturas, entre outros.

Outro ponto de visita do Mosteiro é o panteão dos Bragança – sim, restos mortais de reis, rainhas, príncipes e princesas, entre os quais a minha favorita de todos os tempos, a (maluca da) D. Carlota Joaquina. Quando entrarem não se assustem com a estátua de mármore que se encontra no interior, duma mulher de mãos no rosto a chorar junto dos túmulos do D. Carlos I e do seu filho D. Luís Filipe, que foram assassinados em 1908 no atentado republicano. Simboliza a tristeza do povo pelos seus mártires (tão tristes que nós ficámos, que dois anos estávamos a correr com o sucessor).

Por fim, no mosteiro podem também ver uma exposição sobre as Fábulas de La Fontaine, em painéis de azulejo acompanhados com a fábula respetiva. Muito gira, e sempre se aprendem umas coisas a ler fábulas (como por exemplo, se tiveres uma galinha que põe ovos de ouro não a mates, porque vais ficar sem os ovos e sem a galinha).

Ah, e há ainda uma exposição de búzios, conchas e outros bivalves. Ficarão impressionados com a quantidade e com o tamanho mínimo de algumas conchas.

A visita ao mosteiro inclui a cisterna, o claustro, altar ao Santo António, as torres da igreja (outra vista espetacular sobre Lisboa), para além de todos os aspetos que já mencionei antes. Se tiverem oportunidade é uma visita que vale bastante a pena.

E fazer de turista na nossa própria cidade é sempre tão interessante.

Links úteis:
IGESPAR
Wikipedia - Mosteiro
Wikipedia - Panteão dos Bragança

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Linhas de Wellington



Já há famílias a queixarem-se do quão abandonado anda este blog, por isso deixa cá aproveitar o recheado que este fim-de-semana foi de bons programas para o atualizar.

Sábado à noite foi dia de cinema e em português. Linhas de Wellington é um filme de Valeria Sarmiento, produzido por Paulo Branco, que retrata a história das invasões francesas, a resistência portuguesa e a aliança com os ingleses.
O filme, que conta com um elenco de luxo como Nuno Lopes, Adriano Luz, Gonçalo Waddington, Soraia Chaves, John Malkovich, Catherine Deneuve, Chiara Mastroianni (sim, estão a ler bem) entre tantos outros nomes, não podia ser mais típico português – que grande bolha!

Mas primeiro, o enredo. Mais uma daqueles passagens da história que começa cheio de boas intenções (os rapazes só queriam acabar com o poder absolutista monárquico na Europa) e acaba com um grupo de franceses a querer dominar o mundo. Correu-lhes mal porque somos muito teimosos, e podemos até não nos tratar bem uns aos outros mas não deixamos (não deixávamos!) que nos venham dominar, e correu-lhes mal porque tínhamos o exército inglês como aliado. E foi assim que se criaram as linhas de defesa de Lisboa, que impediriam os franceses de atingir a capital.
O filme, que começa com a nossa vitória na Serra do Buçaco e com a retirada estratégica rumo a Lisboa, relata não só a vida dos soldado, as suas dificuldades e dia-a-dia, mas também a vida dos tantos civis que se viram obrigados a fugir, dos que se viram obrigados a alinhar ao lado das tropas, dos que morreram por serem meros danos colaterais ou dos que foram abusados e humilhados quer por tropas inimigas quer por tropas aliadas.
No final, como é sabido, lá vai o General Massena rumo a casa e Portugal manteve-se dos portugueses, só para, muitos anos mais tarde, poder vir a Amália lembrar a Lisboa que não é francesa, que é portuguesa e que é só para nós (sim, aparte perfeitamente desnecessário).

Um filme com uma fotografia muito bonita, um som que quase faz esquecer que se trata de um filme português, mas como já tinha dito, com um encadeamento de cenas que nos deixa muitas vezes a pensar “e isto agora veio de onde?”. Faltou perceber muita coisa, principalmente quem eram aquelas pessoas a quem se deu tanto destaque mas que nunca se explica quem são. É um filme longo, e que visto com algum cansaço em cima pode tornar-se difícil de perceber.

Ainda assim, em especial para quem goste de filmes históricos, é um filme a não perder, mais uma passagem da nossa história que fica registada para a posteridade. Está com uma nota de 6,3/10 no IMDb, e aqui fica o trailer: