segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Sobre a autorização de caçar 40 melros por dia

Há medidas que não se compreendem, e a Portaria 147/2011, de 7 de Abril, que diz que cada caçador poderá abater 40 melros por dia de caça é, sem dúvida, uma delas. Não só pela preservação desta espécie, mas pelos próprios riscos que a sua caça pode trazer, como ouvi um caçador no sábado nas notícias, que dizia que por ser um animal que voa muito baixo pode constituir um risco entre os próprios caçadores.

Mas para além disso, e porque os caçadores só lá andarão de vontade própria, há várias razões pelas quais a caça a este animal não deva ser permitida, e a SPEA - Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves - divulgou 10, numa carta aberta à Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território:
  1. O Melro está fortemente enraizado na cultura e no consciente afectivo da sociedade
  2. Espécie cinegética que não se caça pelo menos desde a época venatória de 1991/92
  3. Ave associada aos meios urbanos
  4. O Melro poderia ser considerado a Ave Nacional
  5. Ave com populações estáveis ou com aumento moderado
  6. Espécie principalmente zoófaga
  7. O Melro não tem características de praga
  8. Não estão provados os alegados prejuízos na fruticultura
  9. Métodos de espantamento eficazes
  10. Aliviar o trabalho administrativo não pode ser motivo para matar aves


Fica a sugestão de carta a ser enviada à Ministra - para gabministra@mamaot.gov.pt - uma carta que pode ser personalizada, afirmando o nosso descontentamento pela caça ao melro.

Exma. Sra. Ministra da Agricultura,
do Mar, do Ambiente
e do Ordenamento do Território,
Praça do Comércio
1149-010 Lisboa

Lisboa, Agosto de 2011

Assunto: Não quero que cacem os nossos melros

Exma. Sra. Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território

Tomei conhecimento através da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, que foi aprovada a reabertura da caça ao Melro (Turdus merula) prevista na Portaria 147/2011, de 7 de Abril. Esta situação causou-me uma grande indignação e considero que esta decisão significa um retrocesso nas políticas ambientais e da conservação da biodiversidade do nosso país, uma vez que o Melro não é caçado há 20 anos.

Eu concordo com a SPEA, no que diz respeito a considerar que não existem razões técnicas nem científicas que justifiquem a abertura da caça ao Melro nas épocas venatórias que se avizinham.

O Melro faz parte do meu quotidiano, e é uma ave que estou habituado(a) a ver nos jardins das nossas cidades e campos e não gostaria que ele deixasse de fazer parte destes meios. Preocupa-me também o facto de ser uma ave que vive muito perto da cidade e essa situação levar ao aumento da incidência de acidentes ligados à caça.

Além disso, segundo os dados da SPEA, esta espécie teve apenas um crescimento moderado e não um crescimento exponencial, ao contrário do que foi indicado pelo anterior governo.

A sua alimentação incide secundariamente em frutos. Ele come principalmente insectos, minhocas e outros invertebrados, e no Outono e Inverno, adiciona à sua dieta uma grande variedade de frutos e bagas. Ou seja, alimenta-se temporariamente de frutos, mas não depende deste tipo de alimento. Deste modo, não estão provados os alegados prejuízos na fruticultura, que motivaram à tomada desta decisão.

Em último lugar, o argumento dado pelo anterior governo acerca da necessidade de aliviar o trabalho administrativo, não pode ser motivo para matar aves!

Deste modo, considero que a caça ao Melro é desnecessária, ilegítima e não faz sentido do ponto de vista administrativo, portanto peço à Sra. Ministra que revogue a Portaria 147/2011, de 7 de Abril, com carácter de urgência. Peço também, tal como a SPEA, que inicie o processo de revisão da Lei da Caça, de modo a retirar o Melro de uma vez por todas da lista das espécies cinegéticas.

Com os melhores cumprimentos,

[Substituir por assinatura ou nome completo e Nº de identificação]



Pede-se que este e-mail seja enviado com conhecimento para joana.domingues@spea.pt.

ACTUALIZAÇÃO: Existe também uma petição online que pode ser assinada, aqui.

3 comentários:

FM©Fotografia disse...

Partilhado!!!
Ainda bem que me enviaste isto. O texto que estava a pensar enviar era bem menos institucional... ehehehehte

Ana disse...

Eheheh

Eu fiquei mais desperta para este problema porque vi uma publicação tua no Facebook. Fiquei tão revoltada que fui logo à procura de outras coisas.

Bj

FM©Fotografia disse...

:)
Beijinho