sexta-feira, 1 de abril de 2011

Sobre greves nos transportes

Hoje o Sapo pergunta "Hoje voltou a haver greve na CP. Concorda a sucessão de greves convocadas nos transportes públicos?". 67% das pessoas responderam "Não", e eu, na verdade, gostava de poder perguntar a cada um as razões que os levaram a dizer que não.

Suponho que seja pelo transtorno que lhes causa para chegar aos empregos. Suponho que seja por terem de esperar mais do que habitual para apanharem o seu transporte.

As greves parecem ser difíceis de explicar ou entender no nosso país. Quem usufrui dos serviços em greve não quer saber a razão dos grevistas. Para mim, isto não pode ser melhor espelho da nossa sociedade.

Há uma classe de profissionais que se sente lesado pela sua entidade patronal. E por isso faz greve como forma de protesto, como forma de pressão, como forma de luta pelos seus direitos. Se a greve transtorna? Pois claro que sim. E isso só prova que o que eles fazem é um trabalho necessário, que implica com a vida de muita gente, e como tal devem ser devidamente recompensados por isso.

Seria um dever de todos nós apoiarmos este tipo de iniciativas. Hoje por eles, amanhã por nós. Porque os enfermeiros que hoje chegaram atrasados, amanhã poderão precisar de fazer greve e não irão prestar cuidados de saúde aos maquinistas da CP. Porque os professores que chegaram atrasados à escola hoje, amanhã poderão estar em greve e os maquinistas da CP não terão onde deixar os seus filhos porque a escola vai estar encerrada.

E os que clamam que não fazem greves, está na altura de analisarem a sua situação laboral. É justa? Se sim, muito bem. Apoiem então os que não a têm e que também a merecem. Por uma sociedade mais justa. Se não, não estará na altura de acordar, agitar e reivindicar o que merecem? Se a deles é ainda assim melhor que a vossa, não usem o argumento de que "muita sorte têm eles". Deixem-nos lutar, e lutem também vocês. Não queremos salários nivelados por baixo, direitos nivelados por baixo. Isso é não permitir que o nosso país evolua.

E como não fazer greves no sector dos transportes quando se publicam notícias como esta:


Para reflectir…

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